Gestão de produtos químicos na indústria química: guia completo para a segurança

Trabalhador manipulando produtos químicos de forma segura após analise e gestão de produtos químicos

Sumário

A indústria química, por sua natureza, envolve a manipulação de substâncias que podem apresentar riscos à saúde dos trabalhadores, ao meio ambiente e à comunidade em geral.

A gestão de produtos químicos, torna-se um pilar fundamental para garantir a segurança operacional e a conformidade legal das empresas desse setor.

Neste artigo, vamos explorar os principais aspectos da gestão de produtos químicos e quais são os riscos na indústria química, desde a identificação dos perigos até a implementação de medidas de controle, com foco na importância da elaboração de FISPQ/FDS e no cumprimento das normas regulamentadoras.

Continue a leitura e saiba mais!

Normas Regulamentadoras e a gestão de produtos químicos

A legislação brasileira dispõe de diversas normas regulamentadoras (NRs) que estabelecem os requisitos mínimos para a segurança e saúde no trabalho. Na indústria química, algumas NRs são particularmente relevantes, como as NRs: 

O cumprimento dessas normas é fundamental para garantir a segurança dos trabalhadores e evitar acidentes. A avaliação de riscos deve ser realizada de forma periódica e considerar todos os aspectos da atividade, incluindo a natureza dos produtos químicos utilizados, os processos produtivos, o ambiente de trabalho e os equipamentos.

Quais são os tipos de riscos na indústria química?

A indústria química, por sua natureza, expõe os trabalhadores a uma variedade de riscos. A fim de implementar medidas de controle eficazes, é crucial classificar e compreender os diferentes tipos de riscos presentes nesse setor. Essa classificação permite uma abordagem mais precisa e direcionada para a gestão da segurança. Os riscos podem ser classificados em diferentes categorias, como:

  • Riscos físicos: ruído, vibração, radiação, temperaturas extremas e iluminação inadequada.
  • Riscos químicos: exposição a substâncias tóxicas, corrosivas, inflamáveis e explosivas.
  • Riscos biológicos: contato com agentes patogênicos.
  • Riscos ergonômicos: posturas inadequadas, movimentos repetitivos e levantamento de cargas.

Produtos químicos corrosivos. Fonte: Canva

Como fazer a identificação dos riscos através da gestão de produtos químicos?

O primeiro passo para uma gestão de riscos eficaz é a identificação precisa dos produtos químicos utilizados nos processos produtivos. Essa identificação permite a elaboração de FDS (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos) detalhadas, que contêm informações cruciais sobre as propriedades físicas e químicas das substâncias, os riscos à saúde e ao meio ambiente, e as medidas de primeiros socorros, combate a incêndio e controle de derramamentos.

A FDS, antiga FISPQ, é um documento obrigatório por lei, fornecendo informações cruciais para a manipulação segura dos produtos químicos e devendo ser facilmente acessível a todos os trabalhadores.

E deve ser elaborada, revisada ou traduzida conforme a ABNT NBR 14725:23 e tem o prazo estimado para a atualização de acordo com a nova normativa até julho de 2025.

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Medidas de controle

A gestão de produtos químicos na indústria química envolve não apenas a identificação de perigos, mas também a implementação de medidas de controle eficazes. Essas medidas visam eliminar, reduzir ou minimizar os riscos, garantindo a segurança dos trabalhadores e a proteção do meio ambiente. Conheça a seguir algumas medidas de controle que podem ser implantadas na indústria química:

  • Substituição de substâncias: utilizar substâncias menos perigosas quando possível.
  • Isolamento: confirmar as operações que envolvem substâncias perigosas em áreas isoladas e ventiladas.
  • Ventilação: garantir a renovação do ar nos ambientes de trabalho.
  • Equipamentos de proteção individual (EPIs): fornecer e exigir o uso adequado de EPIs, como luvas, máscaras, óculos de segurança, botas de segurança, etc.
  • Treinamento: oferecer treinamento aos trabalhadores sobre os riscos específicos de cada atividade e as medidas de segurança a serem adotadas.
  • Manutenção: realizar a manutenção preventiva dos equipamentos para garantir seu bom funcionamento.
  • Procedimentos de emergência: elaborar e treinar os trabalhadores em procedimentos de emergência para casos de acidentes, incêndios e vazamentos.

Qual é o papel do técnico de segurança do trabalho na gestão de produtos químicos?

O técnico de segurança do trabalho desempenha um papel fundamental na gestão de produtos químicos e seus riscos na indústria química. Ele é responsável por:

  • Realizar a avaliação de riscos: identificar os perigos presentes no ambiente de trabalho e avaliar a probabilidade e a severidade dos danos.
  • Elaborar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA): Documentar os resultados da avaliação de riscos e as medidas de controle implementadas.
  • Investigar acidentes e incidentes: analisar as causas e propor medidas corretivas para evitar a recorrência.
  • Promover a conscientização dos trabalhadores: realizar treinamentos e campanhas de segurança.
  • Monitorar o cumprimento das normas regulamentadoras: verificar se as medidas de controle estão sendo efetivamente implementadas.

Como otimizar a comunicação na prevenção de acidentes?

A gestão de produtos químicos na indústria química não se limita à identificação e controle dos perigos. Para que as medidas de segurança sejam eficazes, é fundamental que os trabalhadores compreendam os riscos a que estão expostos e as medidas preventivas a serem adotadas.

A comunicação de riscos, portanto, emerge como um elemento crucial para a construção de uma cultura de segurança sólida. Confira a seguir os benefícios de uma comunicação eficaz de riscos:

  • Conscientização: a comunicação eficaz permite que os trabalhadores estejam cientes dos perigos presentes em seu ambiente de trabalho, o que os torna mais atentos e proativos na identificação de situações de risco.
  • Empoderamento: ao fornecer informações claras e objetivas, a comunicação empodera os trabalhadores, permitindo que eles participem ativamente da prevenção de acidentes.
  • Adesão às normas: uma comunicação clara e objetiva facilita a compreensão das normas de segurança e incentiva a adesão aos procedimentos operacionais padrão (POPs).
  • Redução de incidentes: a comunicação eficaz contribui para a redução de incidentes, acidentes e doenças ocupacionais, resultando em um ambiente de trabalho mais seguro e saudável.

Canais de comunicação eficazes: quais as opções?

  • Treinamentos: a realização de treinamentos periódicos é fundamental para transmitir informações sobre os riscos, os procedimentos de segurança e o uso correto dos equipamentos de proteção individual (EPIs).
  • Palestras: palestras e workshops podem ser utilizados para abordar temas específicos e promover a interação entre os trabalhadores e os profissionais de segurança.
  • Sinalização: a utilização de sinalização visual, como placas e pictogramas, é uma forma rápida e eficiente de comunicar os riscos presentes em diferentes áreas da empresa.
  • Comunicação escrita: a elaboração de materiais escritos, como manuais de segurança, procedimentos operacionais padrão (POPs) e boletins informativos, complementa as outras formas de comunicação.
  • Comunicação verbal: a comunicação verbal, seja em reuniões, conversas individuais ou durante a realização de atividades, é fundamental para esclarecer dúvidas e garantir a compreensão das informações.

Sugestões de atividades práticas

  • Criar um canal de comunicação aberto: estimular os trabalhadores a fazer perguntas e reportar situações de risco.
  • Utilizar ferramentas visuais: infográficos, vídeos e animações podem tornar a comunicação mais atrativa e fácil de entender.
  • Promover a participação dos trabalhadores: criar comitês de segurança ou grupos de trabalho para discutir temas relacionados à segurança.

Desafios e soluções na comunicação de riscos

  • Barreiras linguísticas: em empresas com diversidade cultural, é fundamental utilizar uma linguagem clara e objetiva, e, se necessário, oferecer materiais em diferentes idiomas.
  • Nível de escolaridade: a comunicação deve ser adaptada ao nível de escolaridade dos trabalhadores, utilizando uma linguagem simples e evitando termos técnicos complexos.
  • Falta de interesse: a comunicação deve ser atrativa e envolvente para despertar o interesse dos trabalhadores.

Conclusão

A gestão de produtos químicos e seus riscos na indústria química é uma atividade complexa que exige conhecimento técnico e comprometimento de todos os envolvidos.

A identificação correta dos produtos químicos, a elaboração de FISPQ/FDS detalhadas, o cumprimento das normas regulamentadoras e a implementação de medidas de controle eficazes são essenciais para garantir a segurança dos trabalhadores, a proteção do meio ambiente e a conformidade legal das empresas.

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Bruna Spinola
Bruna Spinola
Especialista na legislação de produtos químicos
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